Projeto contemplado pela Política Nacional Aldir Blanc — Categoria Criação Artístico-Cultural
Projeto contemplado pela Política Nacional Aldir Blanc — Categoria Criação Artístico-Cultural
A série de colagens surgiu inicialmente como um simples exercício criativo. Eu queria testar como as imagens que coletei no Brejo Paraibano dialogariam com trechos de poemas de Augusto dos Anjos, apenas para provocar a imaginação, reorganizar ideias e compreender o rumo da pesquisa. Mas, para minha surpresa, esse gesto experimental tomou o protagonismo do processo.
Ao longo de seis meses, esse exercício se transformou em 16 colagens que passaram a estruturar toda a exposição. Cada uma delas nasce do encontro entre fotografia experimental, desenho, escrita manuscrita e fragmentos poéticos. São imagens que registram não só o território, mas também o percurso da minha própria reflexão, algo que se torna ainda mais evidente no livro de artista, também disponível neste site, onde rascunhos, desenhos e anotações revelam os caminhos e dúvidas desse processo.
Essas colagens, quando agrupadas, formam quatro fanzines, que considero a espinha dorsal da pesquisa. No formato digital, estão expostas como polípticos, mas, presencialmente, gosto de apresentá-las de diferentes formas: impressas individualmente, agrupadas em painéis ou como fanzines interativos que o público pode tocar, folhear e manipular.
Elas foram o ponto de virada do projeto. Tudo o que veio depois, as esculturas, as instalações educativas, a exposição virtual, nasceu desse primeiro gesto simples: associar imagem e poesia para tentar entender o Brejo, e, ao mesmo tempo, entender a mim mesma enquanto artista.
Artista: Lonelas (Lohanna Oliveira)
Ano: 2025
Técnica: Fotografia experimental, colagem digital e analógica, desenho manual, texto manuscrito.
Formato: Políptico de 8 imagens (dimensões variáveis)
Descrição:
Primeiro conjunto de colagens inspiradas no poema Queixas Noturnas, de Augusto dos Anjos. As imagens misturam registros coletados nas cidades do Brejo Paraibano (serras, engenhos, texturas orgânicas) com ilustrações e fragmentos de escrita, criando uma paisagem que oscila entre memória e fabulação.
Artista: Lonelas (Lohanna Oliveira)
Ano: 2025
Técnica: Fotografia experimental, colagem digital e analógica, desenho manual, texto manuscrito.
Formato: Políptico de 4 imagens (dimensões variáveis)
Descrição:
Inspirado no poema Alucinação à Beira-Mar, este políptico mergulha no manguezal como paisagem-limite. As imagens combinam raízes, lama, folhagens, resíduos urbanos, fragmentos de cartas e desenhos.
Artista: Lonelas (Lohanna Oliveira)
Ano: 2025
Técnica: Fotografia experimental, colagem digital e analógica, desenho manual, texto manuscrito.
Formato: Políptico de 4 imagens (dimensões variáveis)
Descrição:
Este conjunto une mar, escada e corpo, inspirado no poema O Mar, o Homem e a Escada. O políptico combina imagens coletadas no Brejo com fotografias do litoral, propondo um fluxo contínuo entre interior e costa. A escada aparece como metáfora do esforço humano de acessar o que está sempre em movimento: a água, a memória, o tempo.
Os primeiros fanzines da série foram testados no formato A4, como experimentos rápidos para entender ritmo, sequência e portabilidade. Esse tamanho revelou um potencial inesperado: a obra cabia nas mãos, podia ser dobrada, guardada, compartilhada, um formato íntimo, acessível e fiel ao espírito do projeto.
Apresentei esses fanzines durante a oficina dos Exercícios de Esquecimento, organizados dentro de um pequeno baú, para que os participantes pudessem folheá-los e perceber como as imagens, colagens e poemas se articulam como parte do processo de criação.
Os fanzines funcionam como miniaturas da pesquisa maior: portáteis, deslocáveis, capazes de circular entre pessoas e lugares, assim como as memórias que inspiraram este trabalho.